Tudo Bem Não Ser Normal é um daqueles doramas que fica com você muito tempo depois de terminar. Lançado em 2020, essa produção coreana da tvN, disponível na Netflix, combina romance, comédia e drama psicológico de um jeito que só os K-dramas conseguem fazer. Mais do que um romance, ele é um estudo profundo sobre saúde mental, traumas e cura. Com personagens complexos, diálogos sinceros e uma estética visual impressionante, o dorama não só entretém, mas também nos faz pensar sobre nossas próprias cicatrizes emocionais.
Análise com spoilers
Agora, vamos entrar nas profundezas dessa história. Um dos pontos mais fortes de Tudo Bem Não Ser Normal é como os traumas dos personagens são explorados e ligados às suas ações. Gang-tae vive preso em um ciclo de culpa e repressão emocional, causado pela morte da mãe e pela responsabilidade de cuidar de Sang-tae. Sua jornada é sobre aprender que ele também tem o direito de viver e de ser amado.
Já Moon-young carrega um trauma familiar pesado: a mãe, abusiva e manipuladora, a moldou como uma pessoa fria e isolada. Seu arco é uma desconstrução dessa imagem, mostrando que ela pode ser vulnerável e, ao mesmo tempo, continuar sendo forte.
E o que dizer de Sang-tae? Ele não é apenas um alívio cômico ou um personagem secundário. Ele é um reflexo do preconceito que muitas vezes pessoas neurodivergentes enfrentam, mas também um exemplo de como a sociedade coreana, cada vez mais, começa a falar sobre inclusão e aceitação.
Um momento marcante é quando Sang-tae finalmente enfrenta seu maior medo — as borboletas — e o significado emocional por trás disso é revelado. É a metáfora perfeita para os traumas que, por mais dolorosos que sejam, podem ser enfrentados e superados.
Aspectos técnicos
Trilha sonora:
A trilha sonora de Tudo Bem Não Ser Normal é uma obra de arte à parte. Canções como You’re Cold (Heize) e In Silence (Janet Suhh) são emocionantes e refletem os altos e baixos da história. Elas não estão ali apenas para preencher o silêncio, mas para intensificar as emoções e criar conexões profundas com os espectadores. Cada música parece ter sido escolhida a dedo para embalar momentos cruciais.
Roteiro:
O roteiro é brilhante e mistura fantasia e realidade de uma forma única. Os contos infantis de Moon-young são sombrios e profundamente simbólicos, funcionando como paralelos aos arcos dos personagens. Os diálogos são carregados de significados, mas também têm momentos leves que quebram a tensão. A forma como o passado dos personagens é revelado aos poucos mantém o público preso até o último episódio.
Conclusão
Se você procura um dorama que não só aqueça o coração, mas também te faça pensar sobre suas próprias cicatrizes e sobre o que significa “ser normal”, Tudo Bem Não Ser Normal é obrigatório. Não é só um romance fofo; é uma experiência emocional completa, que mistura humor, dor e esperança de um jeito inesquecível.
Dá o play, prepara os lencinhos e embarque nessa jornada de cura e aceitação.
Prometo que vai valer cada segundo!
Até o próximo post!!
Marcela Fábio
Escritora, Compositora e Designer Gráfica
Imagem 1 de divulgação tvN