Han Kang se torna a primeira autora sul-coreana a receber o Nobel de Literatura, destacando a força das narrativas asiáticas e do ativismo ético no cenário global.
A literatura celebra histórias que nos conectam, e em 2024, o Prêmio Nobel de Literatura fez história ao ser concedido a Han Kang, a primeira autora da Coreia do Sul a receber a honraria. Mais do que um reconhecimento por sua contribuição literária, essa vitória simboliza a força das narrativas asiáticas no cenário global, abrindo caminhos e amplificando vozes que ainda encontram desafios em se fazer ouvir.
A Academia Sueca anunciou a premiação no dia 10 de outubro de 2024, justificando sua escolha por “sua intensa prosa poética que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”. Han Kang é amplamente conhecida por seu livro A Vegetariana, de 2007, que foi seu maior destaque internacional. Além disso, três de seus livros já foram traduzidos para o português: A Vegetariana, Atos Humanos e O Livro Branco.
A vencedora é não apenas uma autora brilhante, mas também uma defensora apaixonada do veganismo e dos direitos dos animais. Seu ativismo ético se reflete profundamente em sua obra, que aborda com maestria a conexão entre humanidade, natureza e o impacto das escolhas individuais no planeta. Essa perspectiva trouxe um frescor necessário ao panorama literário contemporâneo.
Na Coreia do Sul, a conquista carrega um significado especial. Apesar de o país ser um dos gigantes culturais na música, cinema e séries, com o K-pop e os doramas dominando corações ao redor do mundo, o reconhecimento literário ainda é relativamente tímido em comparação. Essa vitória solidifica a posição da literatura coreana no palco internacional, mostrando que histórias locais, escritas com autenticidade e paixão, podem ressoar globalmente.
Além disso, o fato de o prêmio ser concedido a uma mulher asiática destaca a importância de representar e celebrar diferentes perspectivas. Em uma indústria literária onde muitas vezes os autores ocidentais predominam, essa conquista traz uma nova luz para as histórias da Ásia, mostrando que suas vozes são não apenas relevantes, mas indispensáveis.
Para mulheres ao redor do mundo, especialmente na Ásia, este é um lembrete poderoso de que seus sonhos e histórias têm valor. Essa premiação encoraja mais escritoras a explorar suas narrativas únicas e compartilhá-las sem medo.
O impacto do Nobel vai além dos livros. A autora premiada, sendo vegana, provoca reflexões sobre como nossas escolhas de vida afetam o planeta. Na Coreia do Sul, onde o veganismo tem crescido lentamente, essa vitória pode ser um catalisador para mudanças culturais e ambientais, inspirando mais pessoas a considerar estilos de vida sustentáveis e compassivos.
Com uma escrita que transcende fronteiras, Han Kang nos lembra do poder transformador das palavras. Mais do que contar histórias, ela as vive, as incorpora e, com isso, inspira o mundo. E nós, como leitores, temos a honra de ser tocados por suas palavras e pela mensagem que elas carregam: de esperança, conexão e mudança.
Em breve traremos sugestões de livros de escritores do leste e sudeste asiático, por isso fique com a gente em todas plataformas.
Até o próximo post!!
Marcela Fábio
Colunista, Escritora e Dorameira/Army
Imagem: Divulgação