Um mergulho psicológico nos personagens e na cultura coreana
Estreado em novembro de 2024, “Quando o Telefone Toca” rapidamente se destacou no universo dos doramas, combinando suspense e romance de maneira envolvente. A trama gira em torno de Baek Sa-eon, um político promissor, e sua esposa, Hong Hee-joo, uma intérprete de linguagem de sinais que perdeu a voz após um trauma na infância. O casamento arranjado dos dois esconde uma série de complexidades emocionais e culturais que merecem uma análise aprofundada.
Análise com Spoilers
Baek Sa-eon, interpretado por Yoo Yeon-seok, vem de uma família influente na política sul-coreana. Desde cedo, foi moldado para seguir os passos de seus antepassados, carregando o peso das expectativas familiares e sociais. Na cultura coreana, o conceito de “filial piety” (piedade filial) é profundamente enraizado, enfatizando a lealdade e a obediência aos pais e antepassados. Sa-eon exemplifica esse princípio ao aceitar um casamento arranjado com Hee-joo, visando fortalecer alianças políticas e manter a honra da família.
Hee-joo, vivida por Chae Soo-bin, é uma mulher que, após um acidente na infância, perde a capacidade de falar, comunicando-se através da linguagem de sinais. Na sociedade coreana, onde a conformidade e a comunicação verbal são altamente valorizadas, Hee-joo enfrenta desafios significativos. Sua condição a coloca à margem, tornando-a vulnerável e dependente das dinâmicas familiares e conjugais. O casamento com Sa-eon, inicialmente baseado em conveniência, reflete as pressões sociais para manter as aparências e cumprir deveres familiares.
A reviravolta ocorre quando Hee-joo é sequestrada, e Sa-eon recebe uma ligação do sequestrador. Em um momento de descuido emocional, ele responde de forma indiferente, sugerindo que o sequestrador pode matá-la. Hee-joo, ouvindo essa resposta, sente-se traída e decide buscar vingança. Essa decisão marca uma ruptura em sua personalidade submissa, revelando uma força interior impulsionada pelo desejo de autonomia e justiça.
A dinâmica entre os personagens principais destaca temas como a repressão emocional, a busca por identidade e a luta contra as expectativas sociais. Sa-eon, embora externamente bem-sucedido, está emocionalmente desconectado, resultado de anos de conformidade e supressão de desejos pessoais. Hee-joo, por outro lado, representa a resiliência e a capacidade de transformação, desafiando as normas culturais que a confinam a um papel passivo.
Aspectos Técnicos
O roteiro de Kim Ji-woon é magistral ao tecer uma narrativa que explora as profundezas da psique humana, alinhando as motivações dos personagens com elementos da cultura coreana. A trilha sonora complementa essa abordagem, utilizando melodias tradicionais e contemporâneas para evocar emoções específicas. Por exemplo, em momentos de tensão, instrumentos tradicionais coreanos são usados para intensificar a atmosfera, enquanto baladas modernas acompanham cenas de introspecção e desenvolvimento emocional.
“Quando o Telefone Toca” não é apenas um dorama; é uma jornada emocional que desafia o espectador a refletir sobre as complexidades das relações humanas e as influências culturais que as moldam. As atuações impecáveis, aliadas a um roteiro profundo e uma trilha sonora envolvente, criam uma experiência inesquecível.
Para os fãs de doramas que buscam uma narrativa rica e personagens multifacetados, esta é uma obra imperdível. Prepare-se para se emocionar e se envolver em uma história que ressoa muito além da tela.
Minha Nota: 9/10
Não tinha necessidade da ida dele para uma zona de guerra, creio eu que há praias e por de sol lindo na Coréia. Ah! E também não fui as lágrimas, me emocionei em alguns momentos, mas sem choro. rsrs
Até o próximo post!!
Marcela Fábio
Colunista, Escritora e Dorameira/Army
Imagem: Divulgação