Misteriosa e sedutora, a Gumiho habita lendas há séculos e inspira histórias de amor, medo e transformação.
Você já se encantou por personagens misteriosos que carregam em si o poder da transformação? E se eu te dissesse que uma criatura da mitologia asiática é capaz de despertar fascínio e temor em iguais proporções? A lenda da Raposa das Nove Caudas – ou Gumiho, como é conhecida na Coreia – é uma dessas histórias que atravessam séculos, ressignificam culturas e continuam vivas nas produções contemporâneas. Se você ama mitologia, cultura asiática e doramas com toques de fantasia, este artigo é para você. Vem comigo mergulhar nesse universo lendário.
A origem da Gumiho
A lenda da Raposa das Nove Caudas tem raízes profundas na mitologia da Ásia Oriental, especialmente na Coreia, China e Japão. Na versão coreana, conhecida como Gumiho (구미호), trata-se de uma raposa que viveu mil anos e, por isso, ganhou a capacidade de se transformar em uma mulher – geralmente jovem, linda e misteriosa.
Sua imagem mais tradicional é a de uma criatura que seduz homens para devorá-los, consumindo sua energia vital ou fígado. No entanto, nem sempre foi assim. Ao longo do tempo, a figura da Gumiho foi ganhando nuances mais humanas, sensíveis, e até românticas. Em alguns contos, ela deseja se tornar humana de verdade, enfrentando desafios emocionais e dilemas morais para conquistar esse direito.
Gumiho na cultura coreana
Na Coreia, a Gumiho simboliza uma mistura de temor e desejo. Ao mesmo tempo em que representa o perigo do engano e da sedução, também reflete o anseio por redenção, humanidade e amor. Essa dualidade aparece em diversas histórias populares, onde a raposa precisa viver sem matar por cem dias, resistir ao desejo de devorar humanos ou encontrar alguém que a ame de forma verdadeira.
Essa figura mítica também está presente em rituais antigos e pinturas tradicionais, aparecendo em templos ou murais como símbolo de sabedoria e transformação.
A Raposa das Nove Caudas nos doramas
Nos últimos anos, a Gumiho se tornou uma figura recorrente em produções coreanas, reinterpretada de formas criativas e envolventes. O dorama A Raposa das Nove Caudas (Tale of the Nine Tailed, 2020), protagonizado por Lee Dong-wook, trouxe uma abordagem única ao apresentar o personagem como um ser imortal que protege os humanos de criaturas malignas, enquanto lida com seu passado e com um amor reencarnado.
A sequência Tale of the Nine Tailed 1938 também conquistou o público, levando o protagonista a uma viagem no tempo que mistura ação, drama, comédia e mitologia com maestria. A série oferece uma nova camada à lenda, explorando temas como destino, sacrifício e a natureza do bem e do mal.
Fatos históricos e curiosidades
- A primeira menção à Gumiho na Coreia aparece em textos do período Goryeo (918–1392), influenciados pela mitologia chinesa.
- Na China, a raposa de nove caudas é chamada de Huli Jing, e no Japão, de Kitsune – ambas com características semelhantes, mas com papéis culturais distintos.
- A imagem da Gumiho começou a mudar no século XX, passando de vilã a protagonista em contos populares e na literatura moderna.
- Em muitas histórias coreanas, acredita-se que a Gumiho só se tornará humana de forma plena se conseguir viver entre os humanos sem ser descoberta ou cometer crimes.
- Algumas crenças associam a raposa à capacidade de ver além da realidade e até se comunicar com o mundo espiritual.
A força simbólica da Gumiho
Por trás da lenda, a Raposa das Nove Caudas carrega símbolos profundos. Ela representa transformação, a luta interna entre instinto e razão, e o desejo de pertencer. Em muitas narrativas, ela não é apenas uma criatura mágica, mas alguém tentando encontrar seu lugar no mundo. Essa metáfora ressoa com quem já se sentiu diferente, dividido entre quem é e quem quer ser.
E talvez seja por isso que ela continue fascinando tantas gerações. Afinal, todos nós temos um pouco de Gumiho dentro de nós – entre o instinto e a escolha, entre a fera e o afeto.
Curtiu conhecer essa lenda?
Continue explorando o universo das mitologias asiáticas com a gente. Tem muita história guardada em séculos de tradição, só esperando para ser contada. Não perca os próximos artigos e compartilhe com quem também ama esse tipo de conteúdo.
Até o próximo post!!
Marcela Fábio
Colunista, Escritora e Dorameira/Army
Imagem: Doramazine