A Deusa Protetora dos Navegantes

Mazu: A Deusa Protetora dos Navegantes

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Símbolo de fé, coragem e cultura, Mazu atravessou séculos de devoção popular e continua sendo um elo forte entre o povo e o mar em Taiwan.

O que move um povo a caminhar dias, descalço, seguindo uma imagem em procissão? Em Taiwan, a resposta é uma só: Mazu. Vem conhecer a deusa que protege, acolhe e conecta milhares de taiwaneses com suas raízes mais profundas.

Quando se fala em espiritualidade em Taiwan, é impossível não mencionar Mazu. A deusa dos mares, reverenciada por pescadores, marinheiros e devotos em todo o país (e além dele), é muito mais do que uma figura religiosa: ela é um pilar cultural, um símbolo de cuidado, proteção e pertencimento.

A história conta que Mazu era uma jovem chamada Lin Moniang, nascida na ilha de Meizhou, na China, no século X. Ela teria salvado seu pai e irmãos durante uma tempestade no mar usando poderes espirituais. Após sua morte precoce, começou a ser adorada por comunidades costeiras como uma entidade divina capaz de proteger embarcações e garantir travessias seguras.

Com o tempo, a devoção cruzou o mar e ganhou um lugar especial em Taiwan. Hoje, são centenas de templos dedicados a Mazu espalhados pelo país — alguns pequenos e silenciosos, outros grandiosos e cheios de detalhes dourados, incensos e lanternas. Mas todos guardam algo em comum: a sensação de acolhimento.

Um dos momentos mais marcantes da cultura taiwanesa é a procissão anual de Mazu, onde uma estátua da deusa é carregada por centenas de devotos por mais de 300 km, durante nove dias, entre cidades e vilarejos. É um ritual de fé que mistura peregrinação, festividade, tradição e comunhão. Pessoas se ajoelham ao seu redor, cozinham para os viajantes, cantam músicas tradicionais e fazem da jornada um grande ato coletivo de amor.

Mas Mazu também está presente no dia a dia. Os pescadores fazem orações antes de sair para o mar. Famílias vão aos templos pedir proteção. Jovens acendem incensos silenciosamente antes de decisões importantes. Ela é aquela força invisível que guia, mesmo quando ninguém vê.

E é bonito perceber como essa devoção une tradição e modernidade. Em pleno século XXI, o culto a Mazu continua vivo nas ruas, nas redes sociais, em documentários, exposições e na memória de quem cresceu aprendendo a respeitar o mar — e a deusa que o domina.

Mazu é mais do que uma divindade. Ela é memória, é afeto coletivo, é símbolo da espiritualidade taiwanesa que abraça em vez de impor. E mesmo que você nunca tenha pisado em Taiwan, ouvir sua história é como sentir um porto seguro onde a fé e a cultura se encontram.

Até o próximo post!!
Marcela Fábio
Colunista, Escritora e Dorameira/Army
Imagem: Doramazine

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