Após a morte de Kim Sae Ron, denúncias expõem relações assimétricas e o peso do silêncio em uma indústria que protege seus nomes mais valiosos.
Quando a morte de uma atriz tão jovem quanto Kim Sae Ron toma conta dos noticiários, o luto vem acompanhado de muitas perguntas. E, em meio a esse silêncio, uma denúncia feita por uma amiga da família acendeu um alerta que vai além da tragédia: a pressão que ela teria sofrido por parte da agência de Kim Soo Hyun, cobrando uma dívida dele por um acidente provocado por embriaguez dela ao volante pago pela agência.
A artista, que vinha enfrentando dificuldades financeiras e emocionais, teria pedido apenas mais tempo — e não o perdão da dívida. A negativa, segundo a denúncia, veio acompanhada de pressão jurídica. Kim Soo Hyun negou tudo em nota oficial e, em pronunciamento público, emocionado, disse estar profundamente abalado com a situação, principalmente com uma narrativa de que ele teria se envolvido com ela quando a mesma tinha apenas 15 anos e ele 27 anos. Mas o que realmente está em jogo vai além de versões.
Esse episódio não é sobre culpar antes de investigar, mas sobre reconhecer o desequilíbrio de forças em relações onde um lado detém fama, prestígio e influência, enquanto o outro luta para ser ouvido. Quantas histórias como essa permanecem escondidas por trás do brilho das câmeras? Quantas artistas vivem situações semelhantes, sem rede de apoio ou espaço para contar o que passaram?
A indústria do entretenimento asiático — como tantas outras ao redor do mundo — ainda enfrenta uma crise de responsabilidade. Quando o sucesso de um ator vale mais do que a escuta sensível diante de uma perda, é sinal de que algo precisa mudar. Não se trata de atacar figuras públicas, mas de entender que o poder vem acompanhado de deveres éticos. E que a dor de quem parte merece respeito — mesmo quando incomoda.
Até o próximo editorial!
Marcela Fábio
Colunista, Escritora e Dorameira/Army
Imagem: Divulgação