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Amor entre colônias: corações que desafiam o tempo

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Um romance enchendo de luzes antigas e memórias silenciosas em Taiwan sob o domínio japonês

Durante cinco décadas, entre 1895 e 1945, Taiwan viveu sob o domínio do Império do Japão. Nessa era de modernização forçada, onde tradições eram confrontadas por novas imposições culturais e políticas, também floresceram paixões intensas, feitas de silências contidos, promessas em cartas e despedidas ao som dos trens que cruzavam paisagens em transição. É nesse espaço tênue entre a identidade e a submissão que surgem alguns dos romances mais comoventes retratados por doramas e filmes taiwaneses. Histórias de amor que, mesmo ficcionais, carregam a essência de um tempo vivido com intensidade contida.

Imagine uma jovem taiwanesa, criada sob os valores confucionistas de sua família, e um professor japonês transferido à ilha para cumprir seu dever imperial. Eles se conhecem numa escola de estilo ocidental, entre jardins bem cuidados e salões com calendários bilíngues. Ali, num mundo em transição, nasce um sentimento que desafia os dois universos. Os encontros são discretos, os olhares dizem mais que palavras, e uma simples troca de cartas torna-se a única ponte segura entre seus mundos.

Essa atmosfera de amor contido e memórias que resistem ao tempo foi capturada com delicadeza por algumas produções marcantes do cinema e televisão de Taiwan. Em Three Times (2005), de Hou Hsiao-hsien, um dos segmentos se passa em 1911 e apresenta um romance silencioso entre uma cortesã e um ativista, onde os sentimentos são expressos apenas com gestos e olhares. O estilo é minimalista, mas profundamente comovente, e evoca a tensão emocional típica de amores impossíveis.

Já em March of Happiness (1999), acompanhamos a história de dois jovens artistas durante os últimos anos da ocupação japonesa e os eventos dramáticos que se seguiram. O romance nasce em meio à arte, à juventude e à violência política, criando uma narrativa que é ao mesmo tempo bela e dilacerante.

E em Cape No. 7 (2008), o passado e o presente se entrelaçam por meio de sete cartas de amor escritas por um professor japonês a sua amada taiwanesa, logo antes de ser forçado a retornar ao Japão. Anos depois, essas cartas reaparecem e inspiram uma nova geração a reviver sentimentos que pareciam perdidos. Este filme tornou-se um ícone nacional justamente por tocar fundo na memória afetiva da relação entre os dois povos.

A paixão não é apenas entre pessoas. Também é entre memórias, entre uma cidade que muda de nome, uma estação de trem que troca suas placas, uma rua que passa a ter letras diferentes. Os amantes caminham por vielas onde as tradições taiwanesas resistem, mesmo quando mascaradas por bandeiras vermelhas e uniformes impecáveis. Há beleza no contraste, e é justamente ali, nesse limiar, que os doramas revelam sua força narrativa.

A estética clássica dessas produções é marcada por cenários que evocam uma melancolia silenciosa: casas de madeira com portas corrediças, ruínas de escolas coloniais, bosques que acolhem promessas sussurradas ao entardecer. As cores são suaves, o ritmo é pausado, como se o tempo também esperasse a chance de reescrever os destinos.

Taiwan, neste contexto, deixa de ser apenas palco e torna-se personagem. Ela sente, muda, resiste e guarda. É a testemunha viva dos romances interrompidos pela história, mas preservados na memória popular, que, curiosamente, não se limita ao ressentimento. Existe também ternura, saudade e, em certos casos, gratidão por um tempo que, mesmo imposto, trouxe marcas profundas e contraditoriamente queridas.

Assistir a essas histórias é como abrir uma caixa de cartas esquecidas: cada narrativa é uma página amarelada que ainda pulsa, que ainda emociona. São lembranças de uma ilha em transformação e de corações que ousaram amar mesmo quando o mundo dizia não.

Se este tema despertou em você memórias ou vontade de descobrir essas histórias, compartilhe com outros apaixonados por filmes da ásia oriental.

Encontrei o trailer de apenas 2 dos 3 filmes citados confira agora:

Até o próximo post!!
Marcela Fábio
CEO e Editora Chefe
Imagem: Divulgação

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