Um romance que revela a fragilidade dos sentimentos e a luta entre razão e coração.
“Apesar de Tudo, Amor” não é apenas um dorama romântico, mas um retrato cru das relações modernas, em que a idealização do amor colide com a vulnerabilidade emocional dos jovens. A obra nos convida a refletir: até que ponto seguimos a razão quando o coração insiste em escolher o caminho mais doloroso? Se você já se deixou levar por alguém que não correspondia da forma que merecia, este drama vai tocar feridas profundas.
Spoilers à frente!
A história gira em torno de Yoo Na Bi (Han So Hee), uma estudante de arte que carrega traumas de um relacionamento abusivo, e de Park Jae Eon (Song Kang), um jovem sedutor que acredita no prazer da conquista, mas rejeita vínculos reais. Entre eles nasce uma relação ambígua, repleta de tensão e desejo, mas marcada pela ausência de promessas.
Enquanto isso, personagens secundários, como Yang Do Hyuk, o amigo de infância que representa a segurança e o amor genuíno, e Yoon Seol Ah, ex-namorada de Jae Eon, reforçam os dilemas de escolha entre estabilidade e incerteza.
Análise Psicológica dos Personagens
Yoo Na Bi – A mulher fragmentada entre desejo e medo
Na Bi simboliza a vulnerabilidade de quem carrega cicatrizes emocionais. Seu nome, que significa “borboleta” em coreano, é uma metáfora de sua condição: frágil, mas com desejo de voar. Ela oscila entre a atração irresistível por Jae Eon e a consciência de que ele é incapaz de oferecer segurança. Psicologicamente, Na Bi busca inconscientemente reparar o trauma do passado, tentando “curar” alguém emocionalmente indisponível. Esse ciclo de repetição é comum em pessoas que viveram relações abusivas.
Park Jae Eon – O hedonista incapaz de se entregar
Jae Eon representa o arquétipo do jovem narcisista, cuja identidade se constrói pela validação que recebe dos outros. Seu prazer está na sedução, no controle que exerce sobre quem se apaixona por ele. Culturalmente, ele reflete a juventude coreana contemporânea, muitas vezes pressionada pela performance social e incapaz de lidar com intimidade real. A sua tatuagem da borboleta não é apenas um símbolo de conquista, mas também de efemeridade: nada em sua vida parece durar.
Yang Do Hyuk – O amor como porto seguro
Do Hyuk funciona como o contraponto de Jae Eon. Ele é calor, cuidado, constância. Psicologicamente, representa o “apego seguro”, aquele que busca construir uma relação baseada em confiança e reciprocidade. Na narrativa, sua presença revela a dificuldade de Na Bi em aceitar a simplicidade do amor verdadeiro, algo que pode parecer entediante para quem está acostumado ao caos emocional.
Trilha Sonora e Roteiro
A trilha sonora é um espelho da instabilidade emocional dos protagonistas: suave, melancólica e, por vezes, sufocante. Canções como “Love Me Like That” de Sam Kim reforçam a atmosfera de um amor desejado, mas doloroso.
O roteiro se destaca por retratar de forma autêntica o impasse emocional dos jovens adultos, sem oferecer soluções fáceis ou finais românticos idealizados. A repetição dos encontros e despedidas de Na Bi e Jae Eon não é apenas narrativa, mas um reflexo do ciclo viciante de relações tóxicas.
“Apesar de Tudo, Amor” é um dorama que divide opiniões justamente porque não entrega a fantasia do amor perfeito. Ele expõe feridas, desejos e a dura realidade de quem insiste em amar apesar do sofrimento. Psicologicamente, é um estudo sobre dependência emocional e sobre como o desejo pode nos aprisionar mais do que libertar.
Nota final: 4/5
A obra não é para quem busca leveza, mas para quem deseja se enxergar nas contradições humanas. Sua força está em provocar desconforto e reflexão, mesmo que o desenvolvimento dos personagens, especialmente de Jae Eon, pudesse ter sido mais aprofundado.
Se você já viveu uma relação onde o coração ignorava todos os sinais de alerta, este dorama vai parecer um espelho.
Vale a pena assistir, não para sonhar, mas para compreender os labirintos emocionais que todos carregamos.
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Até o próximo post!!
Marcela Fábio
CEO e Editora Chefe
Imagem: Divulgação
