Mais do que sustento, a comida nos doramas é elo de memórias, afetos e reconciliações silenciosas
Quem já assistiu a um dorama asiático sabe: uma simples tigela de ramyeon pode conter mais tensão do que um capítulo inteiro de suspense. A comida, nesses universos ficcionais, não é apenas cenário; é enredo, personagem e ponte entre almas. Sentar-se à mesa, muitas vezes, é mais do que dividir refeição. É abrir espaço para dizer o que o coração não ousa.
Nos k-dramas, por exemplo, o gesto de oferecer comida tem peso simbólico. Quando ele cozinha para ela, está dizendo: “Me importo”. Quando ela recusa, pode estar recusando mais do que o prato, mas a própria relação. Em Let’s Eat, o prazer gastronômico é protagonista, revelando que comer sozinho não precisa ser solitário. Já em Itaewon Class, o restaurante é palco de redenção e luta.
Nos j-dramas, a comida carrega a ternura das rotinas silenciosas. Um bentô feito com carinho, como em Midnight Diner, pode dizer mais que mil palavras. A mesa japonesa, com sua simplicidade estética, convida à contemplação e ao respeito pelas estações do ano. Há poesia em preparar arroz para quem se ama, um gesto de cotidiano que vira ritual.
Na China, os c-dramas elevam a mesa a um espaço de tradição e honra familiar. Em The Story of Ming Lan, por exemplo, vemos como o ato de servir pode refletir o lugar de cada um na hierarquia da casa. A comida revela valores culturais profundos, como a reciprocidade, o respeito aos anciãos e a celebração dos ciclos da vida.
Na Tailândia, os lakorns trazem cores e temperos que aquecem a tela. Os mercados vibrantes, as refeições compartilhadas no chão, a mistura de sabores agridoce refletem a natureza calorosa das relações tailandesas. Comer junto é rir junto, é perdoar, é recomeçar.
Observar essas cenas é reconhecer que, em cada prato servido, há uma história sendo contada. Uma confissão silenciosa, uma promessa sutil, um pedido de desculpas sem palavras.
Que tal rever seu dorama favorito com esse olhar? Talvez você descubra que a receita mais marcante não está no prato, mas na intenção de quem o preparou.
Até o próximo post!!
Marcela Fábio
CEO e Editora Chefe
Imagem: Divulgação