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Entre a Idolatria e a Desumanização: O Preço Invisível da Fama Asiática

Editorial Idolatria

Tem hora que a gente precisa parar e olhar com mais calma para o que está acontecendo.

Semana passada foi histórica pro K-pop. Quatro membros do BTS voltaram do exército. J-Hope fez dois shows históricos para sua carreira solo, encerrando sua turnê mundial. Todos os sete estavam juntos de novo. A internet quebrou, as fancams explodiram e as timelines ficaram lotadas de surtos coletivos.

Mas no meio desse caos bonito, fica a pergunta: em que momento a gente começou a esquecer que eles são só… humanos?

A idolatria virou moeda de troca. Likes, views, engajamento. O amor virou algoritmo. A gente diz que ama, mas consome cada segundo da vida deles como se fosse um reality show sem pausa. Qual foi a última vez que você viu uma foto de um idol e pensou “Será que ele queria mesmo estar ali?” antes de compartilhar?

Na Ásia, o padrão é ainda mais cruel. A cultura da perfeição, do sorriso ensaiado, da agenda lotada sem descanso. Não tem espaço para crise existencial, para um romance, para um dia ruim. Se o idol falha, vira manchete. Se some, é chamado de ingrato. Se chora, é fraqueza. Se fala demais, é polêmico. Se fala de menos, é frio.

E a gente aqui, do outro lado do mundo, romantizando tudo isso. Transformando sofrimento em estética. Fazendo piada com burnout. Criando teorias sobre cada sumiço, cada olhar cansado, cada silêncio mais longo nas redes.

O mais irônico? Eles continuam ali. Entregando tudo. Sorrindo depois de uma noite mal dormida. Fazendo live no meio da madrugada pra dizer que estão bem, mesmo quando claramente não estão.

A verdade é dura: a gente ama os artistas, mas consome a saúde mental deles como se fosse conteúdo de entretenimento.

E se a gente quiser que eles continuem sendo parte da nossa vida por muito tempo, talvez esteja na hora de olhar pra eles com mais empatia. Respeitar os silêncios. Parar de exigir presença constante. Deixar que eles também vivam… como pessoas.

Porque no fim das contas, a história que a gente ama tanto só existe porque, do outro lado, tem alguém real, sentindo tudo de verdade.

Semana que vem teremos mais um editoria!!
Marcela Fábio
CEO e Editora Chefe
Imagem: Divulgação

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