Um hino em azul sobre amizade duradoura
Quando Maki lançou “Bughaw” como um single surpresa em 1º de dezembro de 2024, ele continuou sua via colorida — após “Dilaw” (amarelo) e “Namumula” (cor-de-rosa) — para traduzir emoções em tonalidades.
Mas “Bughaw” vai além de um mero tema cromático: ele desenha o azul da amizade que perdura, mesmo nas distâncias e nas fases da vida.
1) Letra e Significado
A palavra “bughaw” significa “azul” em filipino. Seu uso aqui é simbólico e poético. Na letra, Maki fala de manter alguém presente — a quem nunca se afastou, mesmo nas tormentas internas ou nas mudanças externas.
Trechos como “Dulo ng ating bughaw” (“no fim do nosso azul”) evocam a ideia de um horizonte compartilhado, uma promessa silenciosa de permanência.
Mesmo que “saan man tayo mapadpad, kahit gaano man kalayo sa isa’t isa” — “onde quer que vamos, por mais longe que estejamos um do outro” — o azul permanece como laço emocional.
Esse azul não é melancolia inerente, mas uma cor de profundidade, de estar junto apesar da distância, de abrigo sentimental. A ambiguidade que cabe em “azul” (às vezes tristeza, mas também calma e amplitude) é explorada pelas imagens da letra: mar, céu, imensidão.
Há também uma tensão de tempo: o amor ou vínculo que não se rompe com o passar dos dias — como se o azul fosse uma promessa que não se apaga.
2) Produção Musical e Sonoridade
“Bughaw” é classificada como faixa indie alternative.
Tem duração de 3 minutos e 53 segundos, em compasso moderado (104 bpm), na tonalidade C.
A produção de Viktor Nhiko Sabiniano entrega uma sonoridade que mistura suavidade com certa complexidade emocional.
Há espaço para texturas de instrumentos sutis, camadas suaves de arranjo que não ofuscam a voz de Maki, mas servem como suporte emocional. A melodia vocal alterna momentos de introspecção e acentos mais fortes no refrão, criando uma dinâmica de intimidade e elevação.
O arranjo não busca explosões sonoras drásticas, mas sim evoluções: crescendos contidos que reforçam certas frases — “bughaw” se torna um refrão quase mantra, carregado de significado emocional.
Em sua maturidade, Maki considera esta faixa mais complexa do que suas canções anteriores, voltada para um público que quer sentir essa nuance das relações que resistem.
3) Videoclipe e Estética Visual
O videoclipe de “Bughaw”, co-dirigido por Maki e Raliug, retrata quatro amigos (interpretados por Kyler, Alexei, Zeke Abella e o próprio Maki) em momentos comuns e simbólicos: na praia, pintando, em campo aberto.
A escolha da estética é leve, nostálgica: os quadros evoluem de cenas fixas a tomadas mais dinâmicas, simbolizando memórias que se transformam, relacionamentos que fluem com o tempo.
Um aspecto interessante: o personagem de Kyler passa por um momento de transição — de quietude para alegria com amigos — mostrando que a presença sólida do outro é agente de cura e reconstrução emocional.
A paleta visual dialoga com o azul: tons suaves de céu, mar, objetos pintados, vestes claras. Não há exageros visuais: tudo está pensado para reforçar a intimidade e o sentimento de pertencimento.
O videoclipe ajuda o ouvinte a materializar o conceito de “azul” — não como uma cor fria, mas como presença constante, calorosa, profunda.
4) Recepção e Impacto
Logo após o lançamento, “Bughaw” recebeu elogios por sua mensagem calorosa sobre amizade. Foi chamado de “um hino de calor, conforto e coletividade” que tem ressoado com fãs (“Zushis”) online.
Para Maki, “Bughaw” faz parte de uma trilogia de canções coloridas que capturam emoções diversas.
É vista como uma faixa que mostra amadurecimento: não é apenas sobre amor romântico, mas sobre laços afetivos profundos — amizade, companheirismo — que resistem ao tempo e à distância.
Embora ainda recente, “Bughaw” tem potencial para se tornar uma das músicas mais lembradas de Maki, justamente por seu tom universal e emocional.
“Bughaw” me comove porque nos recorda que, às vezes, o amor mais importante não é o que arde intensamente, mas o que permanece — o azul que resiste ao tempo, à distância e às incertezas. Ao ouvir essa canção e assistir seu videoclipe, somos convidados a revisitar nossas relações mais verdadeiras: quem esteve ao nosso lado nas crises, nos silêncios, nos momentos de transformação.
Confesso que fiquei horas ouvindo a musica e depois e assistindo esse vídeo, primeiro para poder fazer esse texto e depois porque simplesmente me apaixonei por ela de uma forma que não conseguia parar de ouvir. Pra mim é uma mistura de nostalgia e alegria, muito fofa!
E você, ao ouvir “Bughaw”, qual “azul” pessoal veio à tona? Memórias de amizades antigas, companhias que resistiram ou mesmo promessas silenciosas que você fez a alguém querido?
Esse vídeo tem a legenda em português desde que esteja configurada no seu YouTube.
Até o próximo post!!
Marcela Fábio
CEO e Editora Chefe
Imagem: Divulgação