Eles se olham demais. Riem demais. Tocam-se no limite da censura. Dizem que são “só amigos”, mas fazem coração com a mão enquanto o país inteiro assiste. O nome disso? Fanservice. Mas em tempos de redes sociais e fandoms famintos por migalhas de afeto, até onde isso é marketing — e onde começa a manipulação?
No universo BL, o “casal” precisa performar o amor mesmo quando o amor não existe. Os sorrisos são ensaiados, os abraços têm tempo de duração, e a química — quando não existe — é substituída por roteiro e iluminação suave. A indústria vende uma fantasia, e nós compramos. Mas o preço quem paga, no fim, são os próprios atores.
Fanservice virou moeda. Na Coreia, Tailândia, Japão… pouco importa o idioma: o que importa é entregar o momento. Um toque no queixo, um olhar prolongado no palco, uma dancinha sexy num evento lotado. A plateia grita. As views explodem. Os contratos aparecem. Mas e depois? Quando o ship vai longe demais e vira obsessão coletiva, quem segura a onda?
O problema não é a entrega do BL. É a performance eterna fora das telas. É o contrato não escrito que obriga dois homens a se comportarem como um casal 24h por dia — mesmo que sejam héteros, mesmo que sejam gays e tenham parceiros na vida real, mesmo que não se suportem fora da cena. E se alguém ousar sair do script? O fandom cancela. A produção substitui. A mágica acaba.
Nessa lógica, o amor vira produto e a sexualidade, vitrine. Não tem espaço pra verdade. Não tem espaço pra vulnerabilidade real. Tem espaço, sim, pra clipes sensuais, ensaios com toque ambíguo e entrevistas cheias de insinuação. Mas que ninguém se atreva a dizer: “somos só colegas”. Porque o público quer acreditar. Mesmo que seja mentira.
No fim das contas, o fanservice não é sobre o casal. É sobre o que os fãs precisam acreditar pra continuar amando. E isso, é um problema muito maior do que parece.
Você faz parte do fanservice? Pense nisso!
Até o próximo Entre Universos!!
Redação Doramazine
Imagem: Doramazine