Quando desejos imortais colidem com um coração que não sabe amar
Imagine acordar numa manhã qualquer e descobrir que você libertou um gênio aprisionado por quase um milênio. Mas ele não quer te fazer rico, nem te dar fama. Ele quer justiça. E vingança. E talvez… redenção. Em “Genie, Make a Wish“, a magia não é dourada nem cintilante. Ela é sombria, densa, cheia de lembranças esquecidas e sentimentos que nunca foram vividos.
É uma história sobre uma mulher que não sabe sentir e um gênio que sente demais. E juntos, eles vão descobrir que nem o destino mais antigo está escrito em pedra.
Spoilers a partir daqui
Ka-young foi criada para não sentir. A avó lhe ensinou que emoções são fraquezas. E assim ela vive: uma existência funcional, respeitável, mas vazia. Quando Iblis aparece, libertado por acaso da lâmpada onde ficou selado por quase mil anos, ele reconhece nela algo familiar. Algo antigo. Ela é a mulher que um dia o traiu. Ou, pelo menos, a alma dela.
Mas o que poderia ser um reencontro romântico, vira um jogo cruel entre duas almas feridas. Iblis quer provar que os humanos não merecem amor nem misericórdia. Ka-young quer manter intacta a bolha de indiferença onde sempre viveu. Nenhum dos dois esperava que, no embate, algo dentro deles fosse despertar.
Os desejos de Ka-young vão revelando camadas que nem ela sabia ter. O segundo desejo, que rejuvenece a avó e a traz de volta como uma amiga anônima, é um soco no peito. Como conviver com o amor de uma vida sem reconhecê-lo? Como lidar com a perda dele duas vezes?
Enquanto isso, Iblis sofre. E Kim Woo-bin nos faz sofrer junto. Não é um sofrimento berrado, é silencioso. É um olhar parado diante da lâmpada. É a mão que treme ao se lembrar. É a lágrima única que cai quando Sade, seu companheiro fiel, morre. E é aquele momento devastador em que ele realiza o terceiro desejo de Ka-young, mesmo sabendo que isso o levará à morte.
E ele morre. De pé, em silêncio, olhando para ela.
Mas o dorama não nos deixa na dor. Ele acredita em segundas chances. Ka-young renasce como jinniya. Iblis também volta. E o amor que era desencontro vira promessa de eternidade.
Trilha sonora e ambientação
A trilha não é o que marca o dorama, mas sustenta bem o clima. Ela é discreta, quase como a emocionalidade reprimida de Ka-young. As locações, por outro lado, falam muito. A casa vazia, os becos silenciosos, o mundo externo que só se abre quando ela liberta o gênio. Tudo está ali para reforçar: o vazio emocional tem forma.
Um destaque no dorama
Woo‑bin equilibra com maestria o sagrado e o humano, o poder e a vulnerabilidade. Ele não precisa de falas longas para expressar sentimento: seu domínio corporal, o uso da pausa e da respiração como forma de discurso, tornam cada momento de dor algo profundamente íntimo e comovente.
Sua atuação torna Iblis mais do que um gênio mítico — ele é um homem ferido por séculos de abandono emocional, aprisionado tanto pela lâmpada quanto pela lembrança de um amor mal resolvido. É esse paradoxo — o imortal que sofre como um humano — que Kim Woo‑bin consegue tornar tão crível.
Nota: 3,5 de 5
“Genie, Make a Wish” tem alma. Mas tem também tropeços. A mitologia é rica, mas confusa. A estrutura narrativa quer abraçar demais e, por vezes, se perde. Alguns personagens surgem apenas para morrer. E a mistura de comédia, tragédia, fantasia e romance nem sempre encontra um equilíbrio.
Mas quando funciona, funciona com força. E principalmente por Kim Woo-bin, que carrega o dorama nos ombros com uma atuação que é toda feita de dor silenciosa. Ele é o gênio, sim. Mas também é o homem mais humano da história.
Obs: O final pecou por excesso de uma comédia desnecessária, enquanto ainda estávamos imersas a dor do Iblis.
Enfim, se você tivesse três desejos… usaria um para esquecer? Ou para finalmente sentir?
Eis a cena do primeiro beijo dos protagonistas.
Esse vídeo não tem a legenda em português.
Até o próximo post!!
Marcela Fábio
CEO e Editora Chefe
Imagem: Divulgação