Quando vingança se mistura com amor e identidade, nasce uma luta que ecoa nas ruas de Seul
No coração vibrante de Itaewon, um bairro que acolhe os excluídos e os sonhadores, nasce a história de um homem que se recusa a se curvar diante da injustiça. Itaewon Class é muito mais do que um dorama de vingança: é uma jornada emocional sobre orgulho, pertença e a dor de crescer enfrentando o sistema. Se você busca uma narrativa intensa, repleta de personagens imperfeitos mas profundamente humanos, prepare-se para mergulhar nessa obra que transforma cada queda em motivo de resistência.
Atenção: a partir daqui, spoilers importantes são revelados.
Park Sae-Ro-Yi, expulso da escola e preso por agredir o filho de um chaebol, não abaixa a cabeça nem mesmo diante do luto. Com a morte do pai causada por essa mesma família poderosa, ele decide que sua vingança não será com sangue, mas com sucesso. Anos depois, abre o DanBam, um bar-restaurante que simboliza sua vontade de erguer algo com as próprias mãos. A presença de Jo Yi-Seo, gênia excêntrica e influenciadora digital, acelera o crescimento do negócio. Juntos, enfrentam o império Jangga e seus tentáculos corruptos. No caminho, reencontra Oh Soo-Ah, seu primeiro amor, agora aliada do inimigo.
Personagens sob a lente da psicologia e da cultura coreana
Park Sae-Ro-Yi representa o arquétipo do filho honrado, que prefere perder tudo a comprometer seus valores. Sua recusa em se ajoelhar é, na cultura coreana, um ato de rebeldia mas também de firmeza moral. Crescido sob a influência de um pai que ensinava a dignidade acima da conveniência, Sae-Ro-Yi se torna o reflexo puro da luta entre idealismo e sobrevivência.
Jo Yi-Seo é o caos racional. Com inteligência extrema e comportamento antissocial, ela confronta os padrões tradicionais de feminilidade coreana. Obcecada por Sae-Ro-Yi, vê nele uma âncora para seu vazio existencial. Sua transformação de manipuladora fria a mulher apaixonada revela como o amor também é uma forma de reabilitação emocional.
Oh Soo-Ah, criada em orfanato, sobreviveu aprendendo a não depender de ninguém. O dilema entre amar Sae-Ro-Yi e ascender profissionalmente no Jangga revela o conflito interno entre afeto e ambição. Sua eventual decisão de denunciar o império é um grito de redenção.
Jang Geun-Soo e Ma Hyun-Yi trazem camadas ainda mais profundas. Geun-Soo, o filho não reconhecido que busca aceitação, representa a dor do abandono travestida de rivalidade. Já Hyun-Yi, mulher trans, enfrenta o preconceito com dignidade e coragem silenciosa. O DanBam torna-se um lar para todos os que não cabem nos moldes da sociedade coreana tradicional.
Trilha sonora que amplifica a alma da narrativa
“Start Over”, de Gaho, é mais do que tema principal: é o grito de um protagonista que recusa o fracasso. Cada verso ecoa as tentativas de recomeçar. “Sweet Night”, interpretada por V, é a ternura em meio ao caos. A trilha sonora inteira é emocionalmente orquestrada para intensificar os momentos de superação, silêncio e redenção.
Roteiro ambicioso que quase se perde, mas entrega o essencial
O texto é corajoso ao abarcar tantos temas: corrupção, identidade de gênero, racismo, classe social, amor e vingança. Em alguns momentos, o dorama se estende em subtramas que parecem desviar do eixo principal. Mas a força dos personagens e seus arcos bem resolvidos sustentam o conjunto. Itaewon Class é, acima de tudo, sobre resistir ao sistema e encontrar uma família onde ninguém esperava pertencer.
Nota: 4,5 de 5
Pela ousadia temática, representação de minorias, atuações densas e uma trilha sonora inesquecível. Perde meio ponto por não conseguir manter o ritmo narrativo em certos momentos. Ainda assim, deixa um legado emocional e cultural.
Não é apenas um dorama: é um manifesto
Se você busca mais do que entretenimento, se deseja compreender as camadas emocionais e sociais que moldam um país e seus indivíduos, Itaewon Class é uma experiência obrigatória. Reviva cada escolha de Sae-Ro-Yi como se fosse sua própria batalha por dignidade.
Saiba mais sobre o dorama clicando aqui.
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Até o próximo post!!
Marcela Fábio
CEO e Editora Chefe
Imagem: Divulgação