Home / Tudo / Kim Jiyoung, 1982: O grito silencioso das mulheres coreanas

Kim Jiyoung, 1982: O grito silencioso das mulheres coreanas

Dica de literatura4

Cho Nam-Joo expõe com sensibilidade e coragem as pressões diárias de uma mulher comum, em um livro que ecoa no coração de quem lê.

Já imaginou ter sua vida inteira definida por expectativas alheias? Kim Jiyoung, nascida em 1982 não é só um livro, é um convite brutal — e necessário — pra olhar de perto o que muitas mulheres enfrentam em silêncio. Com um texto direto e sem maquiagem, Cho Nam-Joo cria um retrato íntimo e coletivo, que provoca reflexão e mexe lá no fundo. Bora mergulhar nessa leitura e conversar sobre o que, muitas vezes, fica guardado no peito?

Sinopse:

Kim Jiyoung é uma mulher comum, casada, mãe recente, que começa a apresentar comportamentos estranhos, como se fosse possuída por outras vozes femininas. Através dessa história, a autora revela as pressões invisíveis que Jiyoung enfrenta desde a infância: a preferência pelo filho homem, o machismo no mercado de trabalho, a solidão no casamento e a maternidade sufocante. Cada detalhe do seu cotidiano serve como um espelho incômodo da sociedade coreana — e, em muitos momentos, da nossa também. A força do livro está em mostrar como pequenas violências diárias podem, aos poucos, engolir uma vida inteira.

Autora: Cho Nam-Joo
País de origem: Coreia do Sul
Ano de lançamento: 2016 (versão em português publicada em 2020 pela Intrínseca)

Você pode encontrar Kim Jiyoung, nascida em 1982 em livrarias físicas ou online, inclusive em e-book na Amazon clicando aqui

Agora vamos para a nossa prosa!

Senta aqui comigo, pega um chá (ou um café descafeinado, vai que você é do meu time) e bora falar de uma obra que sacudiu a Coreia do Sul e fez muita gente pelo mundo parar pra pensar. Esse livro não é só um romance; é quase um soco silencioso no estômago. Cho Nam-Joo, com uma escrita que parece uma conversa íntima, nos coloca dentro da cabeça — e da pele — de uma mulher comum, mas que carrega toda a bagagem de um país que, apesar de moderno, ainda se apoia em pilares bem conservadores quando se trata de gênero.

A trama acompanha a vida de Kim Jiyoung, uma mulher aparentemente comum que, aos poucos, vai desmoronando sob o peso invisível (e às vezes bem visível) do machismo estrutural. Desde pequena, Jiyoung é incentivada a ceder, engolir sapos e se moldar a um “padrão” que nunca foi dela. É um livro curto, direto, mas cada página pesa uma tonelada emocionalmente.

Os personagens orbitam ao redor dela quase como satélites passivos — o marido, a família, os colegas de trabalho — todos representando uma sociedade que finge não ver o que está acontecendo. A ambientação é urbana, moderna, mas sufocante. E a escrita de Cho Nam-Joo não faz firula: é crua, reta, quase clínica em alguns momentos, e justamente por isso, atinge em cheio. Você sente uma mistura de raiva, compaixão e impotência, tudo ao mesmo tempo.

O ponto alto do livro? A coragem. A coragem de dizer o que precisa ser dito sem florear, de jogar luz sobre microagressões tão normalizadas que muita gente nem percebe. O ponto baixo? Talvez a frieza do texto em alguns trechos faça o leitor se distanciar emocionalmente, mas, ao mesmo tempo, acho que isso é proposital — é pra incomodar, não pra confortar.

O livro ganhou um filme em 2019, também chamado Kim Jiyoung, Born 1982, dirigido por Kim Do-young. Tá disponível no Viki (dependendo da região) ou dá pra encontrar em outras plataformas de streaming. A adaptação é fiel no tom e na dor, mas traz uma Jiyoung ainda mais humanizada. A atriz Jung Yu-mi entrega uma performance delicada, deixando o espectador sem chão. Se o livro já machuca, o filme faz questão de esfregar o sal na ferida.

Nota? Dou 4,5 de 5. Porque é um livro necessário, corajoso e, acima de tudo, honesto. Mas confesso que senti falta de um respiro, uma faísca de esperança que não chega — talvez porque na vida real também não chegue tão fácil.

Pra quem eu indico? Pra quem já cansou de narrativas açucaradas e quer entender um pouco do que significa ser mulher num país que corre entre a tradição e a modernidade. Pra leitores que gostam de histórias que ficam martelando na cabeça dias depois. E, claro, pra todo mundo que acha que feminismo é “mimimi” — esse livro é uma aula, sem professor nem lousa, só a vida nua e crua.

Se tiver coragem, mergulha. Depois me conta se não saiu diferente.

Por aqui já tivemos livro que inspirou musica agora teremos um trailer do filme que adaptado do livro e confesso que ao ver o trailer me deu a vontade de ver o filme, mas no Brasil não está liberado nem no Viki e nem no Prime Video, mas eu assistirei assim mesmo.

Acontece que eu tenho um VPN o Surfshark (que basicamente te permite navegar como se estivesse em outro país, protegendo seus dados), você consegue assistir a esse filme mesmo que não esteja liberado no Brasil.
Aqui você poderá assinar esse VPN por apenas R$ 133,00 por 2 anos com mais 3 meses grátis!

Até o próximo post!!
Marcela Fábio
CEO e Editora Chefe
Imagem: Doramazine

Marcado:

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O conteúdo deste artigo é de responsabilidade exclusiva do autor.