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Queimando os Limites – “Burning”

Filme coreano Em Chamas

Um mergulho tenso na alienação e na desigualdade sul‑coreana

Eu o convido a acompanhar comigo esta obra instigante do cinema asiático — uma produção sul‑coreana que desafia expectativas, que queima seus próprios meios e deixa rastros de inquietação muito após os créditos finais.

Quando assisti Burning pela primeira vez, senti‑me envolvido por uma atmosfera de silêncio pesado, por olhares que falam mais do que diálogos e por uma paisagem social que exala frustração contida. O diretor Lee Chang‑dong retorna após anos de ausência e entrega uma narrativa que se transforma lentamente — de um encontro casual entre velhos conhecidos para algo muito mais escuro e perturbador. Convido‑o, leitor, a navegar comigo por essa história enigmática, onde o visível esconde o invisível, e onde as chamas simbólicas queimam nossas certezas.

Sinopse

Jong‑su é um jovem que trabalha esporadicamente como entregador em Seul, enquanto alimenta o sonho de se tornar escritor. Um dia, ele reencontra por acaso Hae‑mi, uma antiga vizinha dos tempos de juventude, e ela pede que ele cuide de seu gato enquanto viaja para a África. Quando Hae‑mi retorna, ela traz consigo Ben, um homem rico, elegante, misterioso — e Jong‑su passa a suspeitar de algo sinistro. À medida que a tensão cresce, o extraordinário hobby de Ben — queimar estufas abandonadas — torna‑se o símbolo brutal de uma inquietação profunda.

Ficha Técnica

  • Título original: 버닝 (Beoning)
  • Direção: Lee Chang‑dong
  • Roteiro: Lee Chang‑dong & Oh Jung‑mi
  • Elenco principal:
    • Yoo Ah‑in como Lee Jong‑su
    • Jeon Jong‑seo como Shin Hae‑mi
    • Steven Yeun como Ben
  • Gênero: Drama psicológico/Mistério
  • Duração: 148 minutos
  • País de origem: Coreia do Sul (co‑produção com Japão)
  • Baseado em: a curta‑história “Barn Burning”, de Haruki Murakami
  • Plataforma: Belas Artes a Lacarte

Bastidores

  • Burning marca o retorno de Lee Chang‑dong após um hiato de oito anos — sua primeira obra desde Poetry.
  • A produção enfrentou obstáculos desde o início, principalmente pelas negociações em torno dos direitos autorais da história original.
  • As filmagens ocorreram em áreas como Paju, próximo à fronteira com a Coreia do Norte, o que intensifica o sentimento de isolamento que o filme transmite.
  • A fotografia, assinada por Hong Kyung‑pyo, é essencial para criar o tom de inquietação e ambiguidade — as cores frias e os silêncios prolongados aprofundam o mistério ao redor dos personagens.

Curiosidades

  • O título coreano, 버닝 (Beoning), remete a uma combustão interna — sentimentos reprimidos que ardem em silêncio.
  • A personagem Hae‑mi carrega a aura de mistério típica de figuras femininas na obra de Murakami, em que sua ausência passa a falar mais que sua presença.
  • Burning foi o primeiro filme sul‑coreano a figurar na shortlist do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, embora não tenha sido indicado oficialmente.
  • A sensação de desalento dos personagens representa o sentimento de parte da juventude sul‑coreana, conhecida por viver sob alta pressão social, desigualdade e incerteza quanto ao futuro.

Se você procura um filme que vai além do entretenimento imediato, que exige contemplação e devolve ecos na mente, Burning é essa obra. Permita‑se entrar nesse universo onde o silêncio tem peso, onde os olhares guardam segredos e onde as chamas simbolizam algo muito maior que o fogo visível. Ele nos convida a olhar para dentro — para nossos medos, desejos, frustrações.

Convido‑o a assistir este filme com atenção, respirar cada cena, e depois refletir: o que está queimando dentro de nós, e o que permanece inexplicado?

Esse vídeo tem a legenda em português desde que esteja configurada no seu YouTube.

Até o próximo post!!
Marcela Fábio
CEO e Editora Chefe
Imagem: Divulgação

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