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Resenha: A Inconveniente Loja de Conveniência

A inconveniente loja de conveniência

Uma história sensível sobre recomeços, memória e a inesperada força dos vínculos humanos em uma loja de conveniência coreana.

Autor: Kim Ho‑yeon (Coreia do Sul, nascido em 1974)
Ano de lançamento (Edição brasileira): 2023 (primeira edição, 272 páginas)
Traduzido por: Núbia Tropéia (edição em português pela Bertrand Brasil)
Onde encontrar: edição brasileira da Bertrand Brasil, disponível em versão impressa e digital (e‑book)

Não espere clichês sobre guichês ou empatia superficial: este livro introduz um protagonista solitário, Dok‑go, que vive à sombra da Estação de Seul, sem memória e sem lar. Aventura-se por acaso a ajudar uma senhora idosa e, nesse gesto simples, desencadeia um fluxo de sensações — uma narrativa sobre recomeço, humanidade e lugares aparentemente ordinários que abrigam histórias extraordinárias.

Enredo e personagens

Dok‑go é encontrado por Yeom, uma professora aposentada que havia perdido documentos numa estação. Ela o leva até sua pequena loja de conveniência, oferecendo comida e abrigo. Sua ação simples transforma a trajetória de ambos. Dok‑go, amnésico e à margem da sociedade, salva a loja de um assalto e ganha a confiança da senhora Yeom, que o contrata para o turno da noite. Aos poucos, sua força silenciosa e reações humanas conquistam clientes e funcionários desconfiados.

O antagonista surge no filho da senhora Yeom, que planeja vender o estabelecimento e contrata um detetive para investigar alguém que está tentando esquecer o passado — gerando tensão à medida que os segredos de Dok‑go emergem.

Estilo narrativo e impacto emocional

A escrita de Kim Ho‑yeon combina simplicidade e sensibilidade. Cada cena, por mais trivial, carrega profundidade emocional. É uma ficção urbana que se desvia do frenético, permitindo que a empatia se construa de forma orgânica: encontros, pequenas gentilezas, olhares silenciosos que dizem mais do que palavras.

Não faltam pontos de tensão — como o conflito sobre a venda da loja — mas o livro trata esses episódios com leveza, sem melodrama excessivo. O resultado é uma leitura calorosa e comovente, que celebra a capacidade de cura das relações humanas.

Pontos fortes

  • Protagonista complexo e cativante: Dok‑go traz ao leitor uma história de perda e esperança sem recorrer a grandes exposições.
  • Atmosfera acolhedora e humana da loja, retratada como refúgio emocional.
  • Temas de empatia, solidariedade, segundos começos e convivência intergeracional.
  • Narrativa delicada, sensível e envolvente, com ritmo contemplativo.

Pontos fracos

  • O ritmo lento e reflexão introspectiva pode não agradar leitores que preferem histórias mais dinâmicas.
  • A presença do mistério sobre o passado de Dok‑go, embora relevante, permanece um pouco indefinida até o final — pode deixar quem busca resoluções claras um tanto frustrado.

Nota: 4,5/5

Dou 4,5 estrelas por sua humanização tocante e equilíbrio entre simplicidade narrativa e profundidade emocional. A pequena imprecisão de ritmo para públicos mais objetivos tira meio ponto, mas não diminui o valor sensível da leitura.

Público ideal

Leitores que apreciam obras acolhedoras e reflexivas, sem pressa, focadas em personagens reais e carregadas de empatia. Ideal para quem busca narrativas que aquecem o coração e inspiram esperança. Se você já se sensibilizou com romances como “A Livraria Mágica de Paris” ou “O Lado Bom da Vida”, encontrará nesta obra uma companhia literária igualmente intensa, ainda que minimalista.

Descubra como pequenos gestos podem reconstruir uma vida.

Até o próximo post!!
Marcela Fábio
CEO e Editora Chefe
Imagem: Divulgação

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