Descubra como este drama japonês da Netflix explora as complexidades do crescimento e a influência do passado em nossas vidas.
O filme japonês Não Devíamos Ter Crescido, disponível na Netflix, é um mergulho poético e melancólico nas memórias e arrependimentos de uma vida. Dirigido por Yoshihiro Mori, o longa reflete sobre as escolhas que moldam nosso caminho, evocando a nostalgia dos anos 90 no Japão e tocando profundamente quem já se perguntou: “E se as coisas tivessem sido diferentes?”. Mais do que uma simples viagem ao passado, a história é uma exploração íntima dos personagens e suas complexidades psicológicas, conectando suas ações à cultura japonesa de forma intensa e realista.
Análise com Spoilers
Os personagens de Não Devíamos Ter Crescido são um espelho da sociedade japonesa, onde a tradição e o progresso coexistem de forma nem sempre harmônica.
Sato (Mirai Moriyama): O protagonista é um homem em crise de meia-idade que revisita memórias de seus anos de juventude. Sua hesitação em agir durante os momentos cruciais reflete o conceito japonês de ma, o espaço entre as decisões, onde as possibilidades vivem, mas também podem morrer. Sua incapacidade de expressar plenamente seus sentimentos por Kaori simboliza uma característica comum na cultura japonesa: a repressão emocional em nome da harmonia social.
Kaori (Sairi Itô): Como contraponto, Kaori é uma personagem mais aberta e espontânea, mas que também carrega a dualidade do Japão contemporâneo. Embora ela persiga seus sonhos artísticos, sua desconexão com Sato destaca o tema recorrente de desencontros no amor – uma narrativa comum nos doramas japoneses.
O relacionamento deles é repleto de não-ditos, uma representação fiel do conceito de honne (sentimentos verdadeiros) e tatemae (aparência pública), mostrando como as pressões culturais moldam suas escolhas e, em última instância, suas perdas.
As memórias dos dois, ambientadas nos anos 90, trazem à tona uma geração dividida entre a tradição e a modernidade, ecoando os desafios enfrentados pelo Japão na transição para o século XXI.
Aspectos Técnicos
Roteiro: O roteiro, adaptado do romance de Moegara, é um dos pontos altos do filme. Suas camadas sutis e diálogos econômicos refletem perfeitamente a introspecção dos personagens, permitindo que o espectador se conecte profundamente com suas jornadas emocionais. Cada flashback é cuidadosamente estruturado, criando um ritmo que mistura suavemente a melancolia do passado com as revelações do presente.
Trilha Sonora: A trilha sonora é um personagem à parte, utilizando canções e sons que evocam tanto nostalgia quanto melancolia. Clássicos dos anos 90 e composições originais reforçam o vínculo emocional do espectador com as cenas, especialmente em momentos-chave como o reencontro de Sato e Kaori. A música, muitas vezes discreta, funciona como um sussurro emocional, guiando o público por meio das nuances dos sentimentos dos personagens.
Não Devíamos Ter Crescido é mais do que um filme; é uma experiência emocional que questiona as escolhas feitas e os caminhos não trilhados. Com uma narrativa rica e performances autênticas, o filme entrega uma mensagem poderosa sobre o impacto do tempo e do arrependimento na vida humana.
Se você é fã de histórias introspectivas que exploram a alma humana, este longa é imperdível. Assista e permita-se revisitar suas próprias memórias e escolhas. Afinal, como Sato descobre, o passado pode não ser mudado, mas certamente pode ser compreendido.
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Até o próximo post!!
Marcela Fábio
Editora, Programadora e Designer Gráfica
Imagem divulgação Netflix